Existe muita discussão, quase uma guerra velada, entre motoristas de carro e motociclistas no Brasil. E sei disso por causa de anos e anos pilotando e dirigindo pelas ruas de locais como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde é cada um por si e Deus contra todos. Várias cidades do Brasil já possuem faixas especiais para motos, o que é excelente. E, quando não há, estes veículos costumam trafegar em corredores entre os carros.
Não, amigo, isso não é ilegal. Essa proibição, inclusive, foi rejeitada pelo Congresso recentemente, pois isso traria outros três problemas ainda maiores: o aumento do tráfego; a dificuldade de fiscalização da proposta; e, o mais perigoso para os motociclistas, o aumento das chances de uma colisão entre a moto e a traseira do automóvel da frente, choque que poderia ser fatal.
Ninguém é a favor do cara que quebra seu retrovisor ou toca seu carro e foge. Isso não é motociclista, isso não é motoqueiro. Isso é um babaca.
Mas, acredite, a maioria dos seres-humanos (sim, seres-humanos) rodando sobre duas rodas nas capitais brasileiras, hoje, são pessoas que não querem fazer mal a ninguém, que se arriscam todos os dias para se locomoverem de uma forma um pouco mais rápida. Arriscam suas vidas. Lembre-se disso, e da lei citada acima, na próxima vez que for criticar a esmo.
Se você é um destes motociclistas imprudentes, já passou da hora de criar uma consciência coletiva. Todos nós somos o trânsito, todos nós fazemos parte desse mostro cotidiano chamado tráfego. Não é “eles contra mim”, é “todos nós”.
Dito isso (e me desculpem o desabafo), lembro que o corredor entre os carros não é um privilégio brasileiro, pois outros locais do mundo, a exemplo da Califórnia, têm o que chamam de Lane Splitting como uma prática plenamente aceitável. Desde que feita sempre com prudência e perícia.
“Ok, Matheus, mas por que você falou sobre motos, carros, corredores e tudo isso?” – Porque o Google Maps hoje atende quase todo mundo: motoristas, ciclistas, pedestres e usuários de transporte público. Mas… e os motociclistas?
Para este tipo de usuário, o tempo estimado de chegada e as rotas disponíveis são completamente equivocados, pois ele não leva em consideração justamente os corredores entre os carros, nem as faixas preferenciais. E é por esse motivo que eu e outros motociclistas do mundo gostaríamos de ter esta nova alternativa nos aplicativos do Google Maps, tanto a versão Web, quanto para o iOS, Android e Windows Phone.
E, para ficar ainda mais interessante, como sugerido por Damon Lavrinc, seria bacana poder escolher a rota pelo seu estilo de pilotagem: primeiro, o novato, tipo mais conservador, que não assume qualquer troca de pista e nem corredores entre os carros; o segundo seria o intermediário, ainda responsável, mas fazendo o lane splitting em um ritmo moderado; o avançado assumiria que o piloto já possui bom conhecimento em andar entre os carros, evitando facilmente o tráfego; a última opção proposta, da qual sou contra, seria o Squid: termo dado para o motociclista maluco que deseja, todos os dias, se envolver em algum acidente, tamanha displicência. Vocês já viram estes vídeos de motoqueiros desmiolados rodando a mais de 120 km/h nos corredores, lambendo retrovisores, que nos dão falta de ar e a sensação de que um acidente muito feio vai acontecer a qualquer instante? Então, esses são os Squids. Para eles, recomendo rotas próximas a hospitais.
De qualquer forma, tanto na Califórnia, quanto nas cidades brasileiras, as opções de motociclistas no Maps seriam muito, muito bem vindas. Ajuda a gente aí, Google!
E vocês? Usariam um Google Maps for Motorcycles? São contra ou a favor do uso de corredores de motos? Deixem sua opinião na área de comentários.
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