quinta-feira, 8 de maio de 2014

Teste: Ducati Panigale Senna é mais que uma homenagem.


Durante o Salão Duas Rodas 2013, a Ducati apresentou a edição especial 1199 Panigale S Senna em homenagem ao piloto de Formula 1, Ayrton Senna, que faleceu em 1º de maio de 1994, na curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália. Segundo a montadora, o projeto, feito em parceria com o Instituto Ayrton Senna, foi desenvolvido para celebrar a vida e a paixão do ídolo brasileiro pelas duas rodas.

 
Exclusiva para o mercado nacional, a série especial da superesportiva italiana é limitada a 161 unidades (mesmo número de GPs que o brasileiro disputou na F1) e tem preço público sugerido de R$ 100 mil. As vendas e reservas já foram iniciadas, mas a produção das motos na planta da Ducati em Manaus (AM) começará somente em agosto.

A fim de oferecer uma experiência única à imprensa especializada, foram convidados apenas cinco jornalistas para desfrutar de toda exclusividade da 1199 Panigale S Senna no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Não por acaso. Quando o circuito passou por reformas para se adequar às exigências da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Senna participou ativamente do projeto e ajudou a idealizar o trecho final da reta dos boxes, a curva mais tarde chamada de “S do Senna”. Então, nada mais nostálgico e emocionante que encarar o “S do Senna” com a Ducati S Senna.

Antes de entrar na pista, os representantes da Ducati e do Instituto Ayrton Senna conversaram com os jornalistas e exibiram um vídeo com imagens das mais marcantes corridas e frases de Senna. Com os pelos do corpo arrepiados e a emoção à flor da pele, era hora de montar na Ducati 1199 Panigale S Senna e “rabiscar” o asfalto de Interlagos.
Ao apertar o botão de ignição da edição especial, nota-se a primeira grande mudança. A Ducati 1199 Panigale S Senna é dotada de um novo sistema de exaustão. São duas ponteiras de escape da marca Termignoni, localizadas sob a motocicleta, que deixa o ronco do motor Superquadro de dois cilindros em “L” e 1.198 cm³, mais grave e agressivo, acelerando ou não. Em marcha lenta, passando pelos boxes, o grave rugir do propulsor era uma sinfonia para os ouvidos.


Logo na saída, na reta oposta de Interlagos, a vontade era de girar o acelerador de forma insana e chegar ao limite desta Panigale Senna. No entanto, antes era necessário aquecer os pneus Pirelli Diablo Supercorsa SP, de medidas 120/70 ZR17 na frente e 200/55 ZR17 atrás – que calçam rodas Marchesini em liga leve de três pontas na cor escolhida por Ayrton Senna, o vermelho abóbora. Ao atingir a temperatura ideal, os calçados da marca italiana “grudam” no chão feito chiclete, com desempenho muito próximo dos pneus utilizados em competições, chamados de “slick”.
Apesar de a vontade ser grande, abusar e chegar ao limite da moto não estava no cronograma do teste. Afinal, a motocicleta que pilotamos era “filha única, de mãe estéril” – algo lembrado pelos representantes da Ducati a cada saída dos boxes. Se “destruíssemos” o modelo, alguém entre os 161 felizardos ficaria sem sua motocicleta. No entanto, impossível ser “são” sobre uma esportiva como essa. Ainda mais com a relação peso/potência de 195 cv para 190,5 kg em ordem de marcha (166,5 kg a seco). Mais de um cavalo por quilo. Graças à tecnologia, há um bom remédio para controlar essa força fenomenal e manter a pilotagem segura, mesmo sobre grande exigência.


São oito níveis de controle de tração, três modos de pilotagem (“Road”, “Wet” e “Race”), acelerador eletrônico (ride-by-wire), controle de freio motor e sistema de freios ABS com ajuste de níveis. Portanto, para manter a única Ducati 1199 Panigale intacta, utilizamos o controle de tração no nível médio e deixamos o ABS ligado. No entanto, o mapa de motor escolhido foi o “Race”, que libera toda a força da motocicleta. E que força! São 13,4 kgf.m de torque máximo, sempre presentes.

Quando pilotamos a Panigale standard em outra ocasião, não acreditávamos ser possível que uma nova versão da superesportiva da marca fosse mais agressiva. Até acelerarmos a 1199 S Senna. Por conta das muitas peças de fibra de carbono recebidas – paralamas frontal e traseiro, proteção do monobraço, proteção do calcanhar e o revestimento do compartimento interno da mesa inferior – e do novo sistema de escapamento, a versão especial ficou mais leve e ainda mais “nervosa”.

Girar o cabo do acelerador por completo exige certa coragem, pois a todo instante o pneu dianteiro insiste em sair do solo. Com o sistema ride-by-wire a aceleração fica mais suave e progressiva, conforme o nível de controle de tração e mapas de motor escolhidos. No modo “Race”, a aceleração cresce de maneira rápida, mas linear e sempre constante, sem apresentar “buracos”.

Graças ao Ducati Quick Shift (DQS), sistema rápido de trocas de marcha, fazer a junção e a curva do café fica mais fácil e divertido. É só girar o cabo do acelerador e subir as marchas sem a necessidade de tirar a mão ou acionar o manete de embreagem. Ao final da reta principal, antes do “S do Senna”, a marca registrada pelo velocímetro era próxima dos 300 km/h.

Para garantir que a curva mais difícil do circuito fosse feita com segurança, nada melhor que contar com freios muito poderosos. Nas primeiras frenagens, o conjunto mostrou-se violento até demais. No entanto, após algum tempo sobre a moto, o piloto acostuma-se com a sensibilidade do manete e pedal. A agressividade some e dá lugar à confiança e progressividade.





A estabilidade e precisão nas mudanças rápidas de direção são admiráveis. Por sua leveza e pelo poder de seu motor, há de se esperar que a mudança de direção seja um tanto brusca e agressiva. No entanto, não é isso que encontramos na 1199 Panigale S Senna. Seu conjunto de suspensões de ajuste eletrônico – garfo dianteiro invertido (upside-down) Öhlins NIX30 com 120 mm de curso e balança traseira TTX36 com 130 mm de curso – tem atuação irrepreensível. Para onde a frente aponta, a moto vai. Impressionante como ficou mais fácil pilotar a Panigale na versão Senna, em comparação com a versão Standard.

Apesar de ser baseada na versão S Tricolore e carregar muitos de seus componentes, a nova Ducati 1199 Panigale S Senna é mais exclusiva, mais barata (R$ 2.900,00) e é muito mais que apenas uma homenagem. É uma superesportiva topo de linha, uma máquina nostálgica, que traz a paixão pela velocidade marcadas em “sua pele”. Ter o logo e o sobrenome do maior piloto da F1 de todos os tempos estampados nas carenagens de sua moto não tem preço. Serão apenas 161 felizardos que poderão encher a boca ao falar, “eu tenho uma Panigale S Senna”.
FICHA TÉCNICA 

>> Motor Bicilíndrico em “L”, arrefecimento líquido, 8 válvulas, sistema desmodrômico de válvulas
>> Capacidade cúbica 1.198 cm³
>> Potência máxima (declarada) 195 cv a 10.750 rpm
>> Torque máximo (declarado) 13,4 kgf.m a 9.000 rpm
>> Câmbio Seis marchas
>> Transmissão final corrente
>> Alimentação Injeção eletrônica
>> Partida Elétrica
>> Quadro Monocoque em alumínio
>> Suspensão dianteira Garfos invertidos Öhlins NIX30 com 120 mm de curso totalmente ajustáveis eletronicamente 
>> Suspensão traseira Balança traseira Öhlins TTX36 com 130 mm de curso, totalmente ajustável eletronicamente
>> Freio dianteiro Disco duplo de 330 mm de diâmetro mordido por pinças monobloco radiais Brembo de quatro pistões (ABS)
>> Freio traseiro Disco simples de 245 mm de diâmetro mordido por pinça de dois pistões (ABS)
>> Pneus 120/70-17 (diant.)/ 200/55-17 (tras.) Pirelli Diablo Supercorsa SP
>> Comprimento 2.075 mm
>> Largura 810 mm
>> Altura 1.110 mm
>> Distância entre-eixos 1.437 mm
>> Distância do solo Não Disponível
>> Altura do assento 825 mm
>> Peso em ordem de marcha 190,5 kg
>> Peso a seco 166,5
>> Tanque de combustível 17 litros
>> Cor Cinza Senna
>> Preço R$ 100 mil


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